– A dos Orixás! eu respondi

– Porque você acredita nesta história, disse meu Pai Mané. Para você e para mim ela é que nos faz entender melhor a origem de tudo.
Então todas as religiões estão  certas.

– Como assim? perguntei.

– Nós temos a capacidade de fazer escolhas, acreditar ou não em um fato, em uma pessoa ou em uma religião. Existem os Ateus que não acreditam em Deus, que não acreditam em nenhuma religião e existem aquele que acreditam em tudo e não tem fé em nada.
E cada um de nós vamos ter argumentos para concordar ou discordar uns dos outros.

Você vai aprender, que cada um é único, e que esta unidade forma um “ Todo” através do Ory de cada um.
Todos seres tem um Ory. Aqui ou em outro Plano, outro Orum.
Deus tem seu Ory, os Orixás tem seus Ory e assim todas as Entidades do Universo.

O ser humano começando sua jornada como primata foi através dos tempos vivendo histórias que foram passadas de gerações para gerações, muitas vezes mudando seu conteúdo, outras vezes perdidas no tempo, mas uma coisa é certa como dia é dia e a noite e noite.
Nosso Ory guarda tudo e sabe tudo desde o início do mundo, desde o primeiro reluzir de Axé nos dado por Zambi, Olorum, Deus.
Somos irmãos em vários mundos, você não acha que só existe este mundo em que vivemos?
Nós mesmo acreditamos em outros mundos outros Oruns.
Você vai entender o processo…. dentro do meu entendimento, quero que você pare e pense se faz sentido para você. É uma história esclarecedora dentro do que acreditamos e que irá te ajudar a encontrar o caminho do Axé.

Olorum criou os Orixás, criou os Odus, criou a Terra, enfim criou todo o Universo.
Toda esta criação primeiro foi criada em seu Ory que era… 
                                                       Puro Amor! Puro Axé!

Por ser ele puro Amor, desejou que sua criação tivesse a mesma capacidade de criar assim como Ele, achando assim que criaria vários Deuses. E para cada ser criado por ele foi dado um Ory um pedacinho de sua essência de Amor.

E deste amor foram criados os mundos.

Portanto minha filha Ory só reconhece o Amor, tudo para ele é bom, é Amor.
Por este motivo nunca erramos fazemos o que achamos certo naquele momento, nem que não seja a escolha certa, sempre é para o nosso melhor.

Os Homens assim que começaram a desenvolver o raciocínio começaram a observar a Natureza, os Animais, o tempo, a Lua, o Sol as Plantas, a Agua, o Fogo as Rochas.
Foram descobrindo o mundo material, o que era, e como era o porquê das coisas.
Isso sempre vai existir, do contrário não existirá a evolução material.
Com toda esta observação vieram também as escolhas o entendimento de cada um, e ai, a Guerra começou.
Começou a ser conhecido outros sentimentos que passaram a ser verdadeiros para o homem, como o Poder, a Raiva, a Inveja, Ódio, o Medo.

Ah o Medo!… Ele que desencadeou todos os outros sentimentos, porque através do medo criou-se a insegurança, a inveja, a mentira, que desencadeou o falso poder, a vaidade e por aí a fora.

Nesta época os Orixás tiveram que vir para o mundo para ajudar porque o mundo não estava organizado e os homens quebrando a cabeça no meio de tantos dissabores, guerras, fome, injustiças, roubos e todos os tipos de atrocidade, e os sentimentos e pensamentos ruins aumentando cada vez mais.

Foi aí que Olorum pediu que Exú viesse aqui ver o que estava acontecendo, sendo Ele o único que anda por todos os Oruns e que conhece todos os caminhos, todos os seres humanos, pois é Ele quem cuida desta parte dinâmica da terra.

Exu já sabia que a coisa estava feia, mas ficou quieto para ver onde ia dar toda esta bagunça.
No fundo Ele estava gostando porque tudo tem que estar em movimento e esta era uma boa oportunidade para toda esta bagunça acabar em uma grande mudança.

Tendo sido ordenado por seu Pai  veio a terra e voltou contando tudo o que havia visto.

– É o que estou vendo mesmo? disse Olorum.

– Pior meu pai, o que era para ser bom ficou ruim.

– Como assim Exú!

– O Senhor deu a eles o poder de raciocínio e de fazer escolhas e cada um começou a sentir, pensar falar e criar.

 Olorum imediatamente disse em um tom amoroso.

– Como pai de todos, pai da criação devo amorosamente deixar meus filhos colherem o que plantarem. Eles terão sempre a oportunidade de escolher suas sementes para o plantio.
E você Exu quem criou as leis do Universo, deve auxiliar para que eles permaneçam dentro da lei.
O caminho que escolherem Você estará lá para ajudar.

Ah! Peça ajuda a seus irmãos para que os ampare no caminho, mas sem interferir na vontade deles, usem todos os meios para eles seguirem um caminho de Axé.

E assim está sendo feito até hoje.

Exu então foi até Orumilá e os dois fizeram uma reunião no Orum para ver que atitude tomar.

Ogum foi o primeiro a se pronunciar dizendo:

– Bem eu fui criado para ser um desbravador, abrir caminhos ganhar guerras e para isso precisamos de uma boa estratégia, para atingir a todos de uma só vez.

Nanã então retrucou.

– Este método não me parece viável, porque se cada um sente, pensa e fala de um jeito acredito que não vamos conseguir nosso objetivo. Temos que estudar isso melhor.

Oxalá então se manifestou a favor de Nanã dizendo que teriam que ter muita paciência com os filhos aqui da Terra, eles estavam confusos confundiam Ele com Jesus de Nazaré, que por sinal estava sendo confundido com Deus. Precisavam encontrar um meio de fazer com que eles descobrissem um caminho.

– Eu deixei um oráculo para que eles se orientassem, mas não adiantou, disse Orumilá.
Deixei ensinamentos, mas eles não querem ver, não querem ouvir.

– Onde será que está o Amor dentro deles, perguntou Oxum sentada em uma linda almofada dourada.

– Minha Mãe, falou Logun Edé; eles têm que aprender novamente a ter a alegria de um adolescente, de ver o mundo como é maravilhoso colorido cheio de amor. Agradecer as fases da vida porque é assim que se cresce.
Não existe um adulto que um dia foi um adolescente. As fases na vida têm que serem passadas e não puladas.

– Verdade meu rapaz, ninguém nasce com 1.90cm de altura, disse Exu gargalhando.

Xangô com aquela voz de trovão limpou a garganta

– Se me permitem, isso me parece uma Guerra entre o bem e o mal.
O Bem e o mal dentro deles. E nesta guerra o mal está mais forte.

Iemanjá que estava calada só ouvindo até então, levantou deu uma volta no salão com um ar preocupado.

– Diga minha Senhora o que a preocupa, indagou Omulu com sua voz rouca.

– Senhores eu tenho a incumbência de tomar conta dos Ory.
Todos estes anos tenho observado que nem todos os Orys tem chego a um estado de Axé, de alegria, abundancia, pelo contrário, estão em um estado oposto do desejado por nosso Pai.
Estão perdidos no meio de tanta conversa, informações. Encantados com o descobrimento da inteligência deles se achando os criadores do mundo e esquecendo o principal que é a Sabedoria.
Temos que recorrer a ela para achar a forma de colocar nossos filhos no caminho certo.

Neste momento a porta se abre e chega o Orixá mais temido pelos humanos: Iku.

Os Orixás o cumprimentam  com muito respeito pois sabem da importância que ele tem no ciclo da vida. Com muita calma Iku diz.

– Vocês estão querendo mudar o imutável, não adianta, eles só mudarão com a experiência daquilo que plantaram ao longo de cada morte e renascimento.
Todos vocês são vistos com bons olhos, eu sou o único que me veem como mau, não reconhecem o meu trabalho, acham que eu só estou presente na hora de recolher almas, não  percebem que eu estou em todas as mudanças de fases e situações.
Uma criança quando nasce, tem que morrer no útero da mãe para nascer, uma criança morre quando deixa de ser criança e se torna adolescente, quando você acaba um casamento e começa outro, em todos os finais de uma fase e quando finalmente você  deixa este Orum para ir para outro.
Então digo a vocês que eles tem que morrer muitas vezes até que consigam deixar morrer os sentimentos escuros que habitam dentro deles.

Eu concordo plenamente com meu irmão IKU, disse Orixá Tempo ficando em pé.

– Eu tenho o poder de mudar o tempo fiz as quatro estações, determinei o tempo para tudo no Aiyê, meses para mudar as estações, tempo de gestação dos humanos e dos animais, e cada um a seu tempo, para haver equilíbrio na terra, tempo para a germinação das sementes, plantas, tempo para viver e morrer fisicamente, mas não posso mudar o tempo interior de cada homem.
Cada um tem seu tempo para ampliar seus conhecimentos, encontrar o caminho que os leva ao seu Axé. Porque todos nós, assim como eles, temos cada qual o seu Axé.

– O que você tem a dizer, Oxóssi meu irmão? indagou Exú.

– Eu concordo com Iku e Tempo, os Homens perderam totalmente o senso de equilíbrio e estão agindo pior do que os tempos em que eram primitivos e que seguiam seus instintos, aliás eu vejo que hoje eles nem sabem mais o que é instinto. Usam seus instintos de maneira errada. Correm deles mesmos, lutam com eles mesmos.
Eu dou a abundância de alimentos e eles, assim mesmo, ainda morrem de fome.
Eles não enxergam.

Ossãe depois de ouvir todos, também deu seu parecer.

– Coloquei o meu Axé em todas as plantas, árvores arbustos ervas para que os humanos tivessem a oportunidade de se curar contra as doenças.
Usaram esse poder para usar como drogas alucinógenas, para se entorpecerem, usaram o Axé das folhas como Ajé, para o mal de si mesmos.
Onde está o bem e onde está o mal?
Dentro deles. E nós só temos um jeito para que eles olhem para dentro …..dar a eles o que plantaram.
A doença se cura com o próprio veneno.

– E o que vamos fazer, perguntou Ogum.

– Bem eu faço a ligação entre o céu e a Terra, falou Oxumarê; levando a água e trazendo, pois, a água é o princípio da vida. Se a terra não for tomada pela água nada viverá até o homem morrerá.

– Se eu deixar os rios transbordarem não terá como o homem segurar a água, disse Obá.

– E se eu abanar minha saia formando tornados, disse Oya; o Homem não poderá prender o vento e Iemanjá poderá levantar o Mar com ondas gigantescas.

– E se eu abrir meu Xaxará a terra terá uma epidemia com várias doenças, falou Omulu.

– E a Guerra acontecerá quando eu desbravar novos caminho disse Ogum.

Depois de horas em que os Orixás discutiam um meio de melhorar o Aiyê, chegaram a conclusão de fazer prevalecer a lei…”aquela que Exu fez”.

A lei do retorno, a lei da atração, a lei do que se planta se colhe.

E cada um dos Orixás integrados e encantados na natureza do Aiyê, disse meu Pai Mané; iriam mostrar tudo o que nós, seres humanos, plantamos ao longo de milhares de anos.

Meu Pai então me perguntou:

– Você já ouviu sua avó dizer que o mundo vai acabar em fogo e água? Que vamos ter doenças nunca vistas?

-Sim, respondi.

– Onde ela ouviu isso?

– Acho que na Bíblia, ou no Evangelho segundo o espiritismo, ela é espirita, eu disse.

– Bom todas as religiões de uma forma ou de outra tem estas previsões, falam de catástrofes, de fim de mundo etc…
Para nossa crença religiosa o maior Orixá é nosso Ory. Ele precisa estar cuidado e vigiado diariamente, porque ele pode acreditar em qualquer coisa.
Por este motivo temos que primeiro ver o que sentimos, depois tomar cuidado com o que pensamos e por último com o que falamos. É dessa forma que nossos desejos são atendidos.

Por tanto, tudo o que seu Ory aceitar como verdade, irá se manifestar em sua vida.

Tudo o que seu Ory aceitar será verdadeiro para você.
Então toda religião é boa, toda casa é boa, qualquer pessoa pode ser boa para você, e você poderá aceitar qualquer situação em sua vida …..desde que seu Ory esteja convencido que é verdade.

Agora tenho certeza que nossa reza será muito melhor encaminhada aos Orixás, porque nós acreditamos no Axé de todos eles.

Axé Ô!